quarta-feira, 3 de julho de 2013

Uma impotência que Viagra não resolve

Sem querer plagiar Arnaldo Jabor, hoje eu acordei querendo contar para minha mãe um belo sonho que tive, mas minha mãe já morreu.

Isso reflete com perfeição minha frustração, essa sensação de que nada mais adianta.


É isso mesmo. A esta altura, no século 21, parece que nada que se faça muda coisa alguma. A nível mundial, e principalmente no Brasil. De que vale tanta tecnologia, modernos computadores, celulares e televisores maravilhosos, tablets? Continuamos movidos pela mesquinharia, futilidade e ganância sem limites. E isso só causa desastres.


Vejam no Brasil, por exemplo, o setor público: uma burocracia mastodôntica, acompanhada de descaso e má vontade, cujo objetivo principal é promover a corrupção. E nós estamos à mercê de patifes.


Aí, ficamos com aquela cara de bunda, com a sensação castradora de que não adianta mais votar, protestar, propor novas ideias, porque tudo sempre ficará emperrado pela preguiça calculada, pela turma do ´deixa como está´.


Vejam nossas cidades: Bom Jesus do Norte/ES, onde moro, há muito tempo perdeu seu hospital, graças a uma administração desastrosa e egoísta daqueles que o dirigiam. Em Bom Jesus do Itabapoana/RJ, cidade-irmã, do outro lado do rio, por conta da famigerada crise econômica, acompanhada de uma boa dose de incompetência e desonestidade, além de motivos outros, o que vemos nos últimos anos é o fechamento de firmas tradicionais, colégios, clubes, a Casa de Saúde, além do Hospital São Vicente de Paulo, que graças a anos e anos de roubalheira promovida por algumas pessoas sem escrúpulos, travestidas de gente de bem, encontra-se tecnicamente falido.


Aliás, no caso do São Vicente, só falta mesmo fechar as portas, porque a coisa vai de mal a pior.


Minha mãe, por exemplo, teve seu agonizante final de vida com o sofrimento aumentado naquele hospital, onde faltava tudo, menos má vontade. E se eu não tivesse alguns amigos entre os funcionários, tudo teria sido muito pior. E o mal atendimento continua, segundo casos de que tenho notícias.


E agora, vêm me dizer que um hospital de Itaperuna, onde recentemente fui submetido a uma cirurgia, corre sério risco de fechar as portas. Se for verdade, é uma lástima. Vai piorar imensamente a situação da saúde em nossa região.


Conversando com Luzia Maria, minha mulher, comentei que, para gente como nós, que já passou dos cinquenta, e pertence à classe trabalhadora, olhando para o futuro eu vejo um horizonte de chumbo.


E essa sensação de impotência não vem do meu particular pessimismo. Ela é partilhada por amigos, vizinhos e por estranhos com quem converso. Até intelectuais como Jabor traduzem essa desesperança em suas crônicas.


Sim, eu tive um sonho. Um belo sonho. Mas, felizmente para minha mãe, ela já morreu.


(Que seria dos velhos, se não fosse a morte? - Humberto de Campos).


Autor: Paulo de Souza Xavier

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