sábado, 21 de setembro de 2013

O galope da mula sem cabeça

Ele fugiu de seu assédio o quanto pôde. 

Ele se esquivou de todas as maneiras, mas ela foi implacável. Mulher quando quer, não tem jeito.

E finalmente, naquela tarde de domingo, a carne se rendeu. 

Numa mistura de tesão e ódio, ele a possuiu com fúria, sobre a escrivaninha da sacristia.

Mas a desgraça de fato é que, em se tratando de igreja, sempre existem beatas vigilantes, ou carolas beligerantes, como queiram. 

O fato é que quatro delas irromperam na sacristia quando o padre e a pecadora estavam no final da luta.

A pecadora escapuliu, rápida como uma lebre, nua em pelo.

O padre ficou ali, de olhos baixos e bandeira a meio pau, sem saber o que fazer ou poder dizer.

Dias depois, de tão murmurado e escarnecido, o padre anoiteceu e não amanheceu. Ninguém sabe o destino que tomou.

A pecadora, dizem que pode ser vista vagando pelas estradinhas de terra circunvizinhas, em noites de lua. 

Mas, contam que não é mais bela e sedutora. Dizem que seu aspecto está muito diferente.

Autor: Paulo de Souza Xavier
Bom Jesus do Norte ES, 29/10/2012.

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