sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Uma medida de sangue romano

Esse meu fascínio por tempestades e ventania, por noites enluaradas e tardes chuvosas; esse meu olhar sombrio (uma garota na fazenda disse que meus olhos parecem duas cacimbas de águas turvas - quanta poesia!), meus longos silêncios sem motivo específico, esse resquício de ódio entre meus dentes, meu tédio sólido em relação a essa sociedade fútil, meu total desinteresse por tantas coisas; tudo isso chegou até mim através do sangue obscuro de meu pai, herança de meus antepassados Cataguases, nação extinta nos primórdios lamentáveis deste país.

Mas também sou dado a raras explosões de fúria ou de alegria, às vezes agressivo nas palavras, falo pelos cotovelos, sou cínico, irônico, bem-humorado e irreverente. É a herança italiana de minha mãe, a medida de sangue romana que aquece meu coração.

24/9/12.

Autor: Paulo de Souza Xavier

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