sábado, 21 de dezembro de 2013

Liberdade - A fuga para o nada


Fato ocorrido em 11/11/1977 - Quinta-feira

Esvoaçando na pequena gaiola, o pássaro que tão belo cantava, parou diante da portinhola que fora esquecida aberta. E ao ver a liberdade, preciosa e bela, ao alcance, talvez, de suas possibilidades, tentou alçar o voo. Seria o voo da liberdade. Enfim, a liberdade! Estava tão fácil! Era tão maravilhoso aquele momento!

E então, impulsionando-se com as pequenas pernas, e mantendo-se com as asas, lançou-se ao ar. Era a liberdade.

Mas o destino, cruel, todo pretensioso, mostrou que o longo tempo em cativeiro privara o pobre pássaro da bela arte de voar. 

Cruel destino. Em casa, sentado à mesa, próximo à gaiola, ouço o bater das asas e o som chocante de seu corpo batendo no chão. E em um impulso natural, quando tentei, levantando-me, fazer o resgate do desnorteado pássaro, fui obrigado a assistir a uma beleza trágica da natureza: a rapidez e precisão do salto de um gato. O instinto ainda fez com que eu tentasse salvar, agora da gata, o pobre pássaro. E a gata, por decisão da natureza, corre e leva o sabiá consigo. 

Aquele que cantava.

Autor: Ênio Chaves dos Reis - 18/12/1977.

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